segunda-feira, 30 de março de 2015

Será que Portugal está mesmo a ser "bom aluno"?

Vejamos algumas notícias, de insuspeitos jornais ou de centros de estudos universitários, que mostram uma realidade bem diferente daquela que Passos Coelho, Paulo Portas e a sua impagável muleta política Cavaco Silva (o presidente cada vez mais só deles) andam a tentar vender!

"Portugueses tiram €19,8 milhões de PPR para pagar a casa.
Em 2014 foram resgatados €12,1 milhões de PPR para pagar prestações de crédito à habitação. Em 2013 foram €7,7 milhões."
Fonte:
http://expresso.sapo.pt/portugueses-tiram-8364198-milhoes-de-ppr-para-pagar-a-casa=f917342#ixzz3VojNw7Mt

"Fitch continua a classificar dívida portuguesa na categoria de "lixo""
Veja no link a seguir a evolução do nosso rating, de 2010 até hoje, na três agências internacionais.
Fonte:
http://www.jornaldenegocios.pt/multimedia/detalhe/fitch_continua_a_classificar_divida_portuguesa_na_categoria_de_lixo.html

Quanto à evolução positiva da taxa de desemprego, que eles "vendem" como a prova do sucesso da sua política é fundamental ler o estudo do CES da Universidade de Coimbra "Crise e mercado de trabalho: Menos desemprego sem mais emprego?" que desmonta a estrondosa manipulação que o governo está a fazer.

Introdução
A diminuição do desemprego e a criação de emprego são dois dados
oficialmente referidos como sinais da retoma da economia, do fim da crise e do
sucesso do programa de ajustamento. 
Na realidade, o mercado de trabalho português encontra-se numa situação depressiva sem precedentes e sem perspetivas de recuperar a prazo.
Importa sublinhar que o aprofundamento da crise económica tem tido uma forte
influência na crise dos próprios indicadores estatísticos:
   Pela primeira vez, os valores do desemprego “não oficial” – que retratam
dimensões do fenómeno do desemprego que o conceito de desempregado
não abarca – ultrapassaram os números do desemprego “oficial”. De facto, a
descida gradual do número de desempregados, a partir de 2013, tem sido
paulatinamente contrariada pelo aumento do número de desempregados
que não é reconhecido pelas estatísticas.
   Tendo em conta as diversas formas de desemprego, o subemprego e
estimativas prudentes sobre a situação laboral dos novos emigrantes, a taxa
real de desemprego poderia situar-se, no segundo semestre de 2014, em
29% da população ativa, caso os trabalhadores emigrados tivessem ficado no
país.
   Por isso, em vez de uma descida do desemprego, é talvez mais adequado
falar-se numa situação de estabilização do desemprego em níveis bastante
elevados e de uma estabilização do emprego num nível bem mais reduzido
do que o estimado no início do programa de ajustamento. Com efeito, a
criação de emprego verificada recentemente assenta em bases frágeis.
Excluindo dos valores oficiais os desempregados ocupados – quantificados
como empregados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) – ter-se-ão
destruído 463,6 mil postos de trabalho de 2011 até ao 2º semestre de 2013
e criado, a partir daí, apenas 37,9 mil postos de trabalho.
  Por último, o desemprego atual é um desemprego mais desprotegido do que
antes da vigência do programa de ajustamento. Do mesmo modo que o
emprego gerado assenta, sobretudo, em atividades precárias, em estágios
financiados publicamente, mal remunerados e sem perspetiva de
continuidade e de verdadeira inserção no mercado de trabalho.
A ideia de que o “ajustamento” e a “mudança estrutural” da economia
portuguesa dariam lugar, depois da subida inevitável do desemprego, a um novo
quadro de florescimento do emprego, não parece, de facto, encontrar suporte
na realidade."
Conclusões
Passados quase quatro anos de “ajustamento” económico, o mercado de trabalho em Portugal encontra-se numa situação nunca antes vista. Se forem considerados os fluxos migratórios como sintoma doentio da terapia aplicada, então Portugal terá gerado um contingente de pessoas atiradas para o desemprego e que atingiu os 25% da população ativa em 2014. 
E caso se considere aqueles que, embora não sendo desempregados, trabalham
um total de horas semanais abaixo do que gostariam de trabalhar, então esse universo sobe para os 29,1 % no segundo semestre de 2014. 
A estagnação do mercado de trabalho explica que, pela primeira vez desde
sempre, as facetas “ocultas” do desemprego ultrapassem em valor o desemprego “oficial”. 
A crise profunda provocada em Portugal pelo programa de “ajustamento” não se refletiu da mesma forma nos indicadores estatísticos “oficiais”, tendo mesmo sido fortemente atenuada ao invés da realidade.
A aplicação prolongada de medidas de austeridade, na expectativa de “ajustar” para de seguida relançar a economia e o emprego (no pressuposto das virtualidades associadas ao modelo teórico da “austeridade expansionista”), conduziu a um afundamento do mercado de trabalho que, face à incipiente retoma, poderá estar a estabilizar o desemprego em valores elevados e o emprego a um nível retraído, realidades que se refletem numa taxa de desemprego real sem precedentes.
Dada a evolução histórica de baixos níveis de crescimento económico no contexto da moeda única, é de recear que estes valores não se atenuem fortemente, mesmo que a economia não esteja em recessão. 
E esta nova fase no mercado de trabalho parece caracterizar-se por um desemprego menos apoiado e desprotegido, e por postos de trabalho mais precários, de baixa retribuição, sem perspetivas de continuidade e insuficientes para absorver o novo fenómeno do desemprego.
Fonte:
http://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt/documentos/barometro/13BarometroCrises_Crise%20mercadotrabalho.pdf

Será que isto é bom para os portugueses em geral como dizem os nossos "bichinhos amestrados" do grande capital?
A mim custa-me muito a crer!