quarta-feira, 1 de julho de 2015

Quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras!

Vem isto a propósito da maneira como os países do sul da Europa têm sido tratados (e particularmente a Grécia desde que o Syrisa chegou ao poder há cerca de seis meses) por parte dos países do norte e das instituições europeias.

Já ninguém esconde as motivações para a imposição dos resgates, como é o caso de Philippe Legrain, conselheiro económico independente de Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, entre Fevereiro de 2011 e Fevereiro de 2015 que afirma claramente no seu livro  “European Spring: Why our Economies and Politics are in a mess” que "As ajudas a Portugal e Grécia foram resgates aos bancos alemães" e também que "É incorrecta a narrativa que os alemães contaram a si próprios de que a crise do euro teve a ver com o Sul a querer levar o dinheiro deles".
Para quem não queira ler o livro aconselho a entrevista deste senhor no Público 

Outro livro muito elucidativo, sobre o sector financeiro, é "O Banco - como o Goldman Sachs dirige o mundo" do jornalista económico Marc Roche e que venceu o prémio "Livro de Economia" em França em 2010.
Existe uma entrevista deste senhor à TSF , em 2012, que vale a pena ouvir.

Escandalosa é a maneira como se manipulam as opiniões públicas dos países credores no sentido de existir apoio popular às exigências perante os países em crise.

Exemplo de hoje em Portugal, onde Passos Coelho está na vanguarda dos falcões europeus, perante a ousadia democrática da Grécia.
"Portugal pagará 2,5% de um terceiro resgate à Grécia"
"Se a Europa aceitar dar um novo resgate à Grécia, Portugal será um dos países que contribuirá com garantias para o financiamento à Grécia. Montante garantido poderá ascender a 925 milhões de euros."
Fonte: http://observador.pt/2015/06/30/portugal-pagara-25-de-um-terceiro-resgate-a-grecia/
Mas será que todos os países críticos da Grécia (que já teve 5) estão limpos de resgates na sua história?
Se calhar não e alguns como a Espanha, França e até Portugal até já tiveram mais do que a Grécia...


Fonte: "This Time is Different", Carmen M. Reinhart & Kenneth S. Rogoff, Princeton University Press © 2009

A UE que foi anunciada aos povos, dos países que a integram, como um projecto de integração política, económica e social, capaz de manter o continente, onde nasceram as duas guerras mundiais, em paz converteu-se numa estrutura anti-democrática, ao serviço dos mais ricos e quase imperial para os mais pobres.
As coisas, se continuarem assim, vão mesmo acabar mal!