domingo, 16 de julho de 2017

Mas alguém se preocupa mesmo com os incêndios?

Nos fundos da  PAC 2014/2020 os agricultores portugueses já obtiveram 28.744 milhões de euros.
Mas, de todo esse dinheiro, apenas 101 milhões de euros foram para restabelecimento de áreas afectadas pelos incêndios, pragas e doenças na floresta e 56 milhões de euros na prevenção contra os riscos de incêndios, pragas e doenças na floresta.
Como vemos os fogos não são mesmo uma prioridade em Portugal
 Propostas concretas de um conjunto de especialistas nas várias vertentes do problema.
O que respondem (governo e parlamento) a isto?
É que já é mesmo altura de se acabar com esquemas, e suspeitas, e encontrar soluções mesmo eficazes.
Há uns dias na Visão vinha este artigo que é fundamental as pessoas lerem.
"E que tal aprender com os japoneses?"


"Quando a cólera ameaça matar mais do que a guerra"

Li um excelente artigo no Expresso desta semana, das jornalistas Cristina Pombo e Sofia Miguel Rosa, com o mesmo título que dei a este meu post  e, cuja leitura, nos deve deixar todos a pensar.
O subtítulo da notícia "Megaepidemia  no "corno de África" pior do que as guerras locais"é ainda mais assustador.
Vejam-se com atenção os dados referentes ao número de casos, no período de 27 de Abril a 11 de Junho de 2017, no Iémen e na Somália .

Outro quadro mostra bem como, em quatro países (Iémen, Somália, Etiópia e Quénia) a realidade ultrapassa, em muito, uma crise alimentar tendo se transformado numa monumental crise humanitária.
E perante isto o que faz o Ocidente?
Vende armas e suporta senhores da guerra corruptos para que as multi nacionais continuem a pilhar os recursos naturais.
São os humanos no seu pior!

terça-feira, 30 de maio de 2017

Conferência “Como a desigualdade social ajudou Trump”

      Vi este texto no jornal "O bancário" (nº 187 Maio 2017) e, como achei que tinha uma análise muito acessível, mas abrangente, dos motivos que levaram à ascensão do populismo pelo mundo, decidi transcrevê-la.
 
Robert Reich 
(professor universitário, foi ministro do Emprego de Bill Clinton)

Trump, produto da desigualdade
Resumir a ascensão de Donald Trump ao poder tendo como base o seu populismo e personalidade é uma visão simplista. Quem o afirma é Robert Reich, que deu uma conferência em Lisboa sobre desigualdade social e a sua contribuição para a eleição do novo presidente norte-americano.
A conferência “Como a desigualdade nos Estados Unidos criou Trump: um aviso à Europa” teve lugar no ISCTE-IUL no dia 11 de maio, numa organização conjunta entre o Partido Socialista e a Fundação Res Publica.
Robert Reich, antigo ministro do Emprego na presidência de Bill Clinton e professor de Políticas Públicas na Universidade de Berkeley, explicou como a desigualdade nos Estados Unidos da América (EUA) ajudou a colocar Donald Trump na cadeira mais poderosa do mundo.

Início
Robert Reich recuou até ao final dos anos 70 para explicar a sua teoria. “Entre o fim da II Guerra Mundial e o final dos anos 70, os gráficos da produtividade, do crescimento económico e dos salários subiram de forma igual. O mercado laboral caminhava em direção à igualdade.
Depois de 78, o salário médio começou a estagnar e no caso dos homens no fundo da tabela, especialmente aqueles sem curso universitário, começou mesmo a descer.”

Economia e política
“O chamado mercado livre não existe”. Robert Reich rapidamente explicou que, em seu entendimento, economia e política andam de braço dado.
“Os mercados dependem de regras. Não podem existir mercados sem regras que governem propriedade, contrato, responsabilidade, bancarrota e monopólio.
Não é só o conhecimento das regras que é importante, mas também quem influencia a sua criação.
É aqui que entra a política”.

Expansão
No final dos anos 70, circulava a tese de que a globalização e a mudança tecnológica começaram a ter efeitos no mercado laboral, uma vez que a maior parte da tecnologia usada na II Guerra Mundial e nas guerras da Coreia e Vietname começou a surgir nos setores comerciais da economia, permitindo uma fragmentação do processo de produção para locais onde o custo era mais barato.
“Isso teve um efeito muito grande nos trabalhadores industriais”, disse Reich.
O professor universitário recordou que, nessa altura, o neoliberalismo tornou-se dominante,

Capitalismo
Os corporate raiders são assim uma das chaves do problema, tendo convencido os CEO das grandes empresas que a sua única obrigação era maximizar o lucro.
“Antes, os CEO acreditavam ter responsabilidades não só para com os accionistas mas também para com as suas comunidades e trabalhadores.
Depois dos corporate raiders, já não era o capitalismo das partes interessadas, era o capitalismo dos acionistas”, afirmou Robert Reich.
O ataque aos sindicatos
Robert Reich não esqueceu o ataque aos sindicatos em nome de uma maior eficiência do sistema.
“Em 1955, um terço dos trabalhadores norte-americanos do setor privado eram sindicalizados. Hoje são menos do que 7%.
Os apologistas do neoliberalismo disseram que estavam a criar um sistema mais eficiente.
O que não estavam a prestar atenção era aos efeitos distributivos, o que aconteceu aos trabalhadores e às comunidades”.

Camuflagem
Robert Reich explicou que os norte-americanos não sabiam que os salários estavam a descer, muito por culpa dos mecanismos de camuflagem.
“No final dos anos 70 houve um grande aumento de mulheres no mercado laboral remunerado. Gostamos de dizer que foi devido às maravilhosas novas oportunidades.
Não foi, entraram de maneira a manterem o rendimento da família à medida que o salário dos homens começou a cair”.
O segundo mecanismo diz respeito ao número de horas de trabalho. “Toda a gente estava a trabalhar mais horas, não só os homens como as mulheres.
Muito mais que a média europeia e que a notável indústria japonesa.
Muitas famílias trabalhavam por turnos.
As mulheres faziam um turno com as crianças e os homens faziam outro”
No final dos anos 90 aparece o terceiro mecanismo.
“À medida que os preços das casas subiam e dois terços dos americanos eram donos das suas casas, podiam refinanciar-se e fazer novas hipotecas.
Portanto, a casa tornou-se num mealheiro, o que deu às famílias dinheiro adicional. Assim ninguém falava de salários estagnados.
O que terminou com este mecanismo foi a crise financeira de 2008 e o rebentar da bolha imobiliária”, explicou.

Desigualdade
                Com salários estagnados ou a descer para onde foi o dinheiro? Robert Reich não tem dúvidas. “Para o topo.
Muita gente acusa-me de ser um lutador de classes (class warrior).
Sou antes um preocupado com as classes (class worrier).
Preocupo-me com as consequências de uma economia e de uma sociedade onde os ganhos do crescimento económico vão para o topo.
Sem poder de compra não há recuperação vigorosa”.
Outra causa de preocupação é a impossibilidade de a camada mais pobre ascender à classe média.
“À medida que a classe média encolhe mais pessoas ficam presas na pobreza.
As pessoas da classe média ficam menos generosas para com as pessoas que estão pior, principalmente as de cor diferente”.
A terceira causa de preocupação diz respeito ao poder político.
“À medida que mais rendimento vai para o topo também vai o poder político.
As regras têm de ser decididas por alguém e se há mais poder político no topo então as regras vão ser cada vez mais decididas pelas pessoas no topo, pelas grandes empresas e por Wall Street.
E à medida que essas regras são decididas vão gerando mais benefícios para eles. É um ciclo vicioso”.

Consequências
A crise de 2008 trouxe a maior recessão nos EUA desde a Grande Depressão, com muitos americanos a perderem emprego, casa e poupanças.
O sistema financeiro e os bancos foram resgatados, com consequência para os pagadores de impostos enquanto os responsáveis não foram acusados.
“Nesses anos pós-2008 houve um grito de indignação tanto da direita como da esquerda política.
À direita, o movimento conservador, furioso com o governo por, basicamente, resgatar.
À esquerda, o movimento dos ocupados, furioso com os bancos.
Estes movimentos foram os precursores das alas populistas.
O descendente direto do movimento dos ocupados foi Bernie Sanders; o do movimento dos conservadores foi Donald Trump”, explicou Robert Reich.

Populismo
Quando viajou pelos EUA para apresentar o seu livro, Robert Reich notou que muitas pessoas estavam indecisas entre Bernie Sanders e Donald Trump.
“Fiquei surpreendido porque são muito diferentes.
Mas as pessoas diziam-me que o jogo estava manipulado contra elas.
Queriam alguém que fosse a sua voz, que se impusesse por elas.
Estas são palavras que estão no centro do populismo.
O que sabiam é que havia duas pessoas a concorrer à presidência que partilhavam a mesma indignação delas contra o Governo.
E isto dois anos antes das eleições, quando a maior parte dos comentadores estava convencida que os candidatos finais seriam Jeb Bush e Hillary Clinton”.
Reich identificou então os dois tipos de populismo: o de direita, que usa a raiva e a canaliza para bodes expiatórios, como emigrantes, minorias, muçulmanos, entre outros; e o de esquerda, que quer retirar a raiva e canalizá-la para reformas políticas fundamentais.

O erro de Hillary
“O baralho está cortado a favor de quem está no topo”.
A frase pertence a Hillary Clinton, no início da sua campanha. “Essa é uma mensagem populista”, diz Robert Reich. “Ela não fez uma campanha populista, porque entrou com uma frase populista?
Foi aconselhada a começar a campanha assim porque aperceberam-se do mesmo que eu quando falei com as pessoas.
O problema é que Hillary não consegue disfarçar-se de populista, toda a gente sabe que ela fazia parte do Estado.
Donald Trump era um homem de negócios de sucesso e fingiu ser um populista”, explicou.

O exemplo de Portugal
Para Robert Reich, na maior parte da Europa o problema passa pela insegurança económica e pela austeridade.
“O assunto para uma nação não é só a dívida pública.
Se a economia crescer esse ratio melhora, mas se estão mergulhados em austeridade então o Governo não consegue estimular a economia para assegurar o crescimento.
Não haverá crescimento económico enquanto não tiverem uma economia que trabalhe para as pessoas, onde a maior parte tenha emprego e esperança”.
Segundo Reich, é necessária uma alternativa, vendo Portugal como um exemplo.
“A Europa e os EUA estão atentos ao que se passa em Portugal no que diz respeito ao futuro”, concluiu.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Esta é uma das realidades onde dá jeito juntar vários artigos, muito elucidativos vindos no  Expresso, pois assim é mais perceptível o aterrador estado que os banqueiros nos deixaram enquanto se enchiam à grande e à francesa e sempre com a ajuda dos "grandes" empresários e políticos muito "sérios e independentes" da nossa praça.

1. IMPARIDADES
Os bancos portugueses registaram milhares de milhões de euros de imparidades desde 2008. Segundo dados do Banco de Portugal foram quase 40 mil milhões no total.
2. RESULTADOS
A partir de 2011, ano da intervenção externa em Portugal, os bancos entraram num período de fortes prejuízos.
3. CONTRIBUTO PARA O CRÉDITO
A maior parte do crédito a sociedades não financeiras (SNF) que estavam em incumprimento no final de 2012 tinha sido concedido entre 2005 e 2009.
4. AUMENTO DE CAPITAL
Os bancos aumentaram os seus capitais em mais de 14 mil milhões de euros desde 2008. Além disso, pediram ao Estado 6,5 mil milhões, a que somaram já em dezembro mais de dois mil milhões de custo público para o Banif.
5. RESULTADOS LÍQUIDOS E DIVIDENDOS
Os fortes lucros da banca até 2007 refrearam, depois, até 2010. Nestes anos, a proporção de lucros distribuída como dividendos foi superior a um terço. Depois de 2011, os bancos acumularam 7,37 mil milhões de prejuízos. Mesmo assim, houve 253 milhões de dividendos pagos. (Nota: os dividendos distribuídos incluem resultados gerados por créditos que no futuro poderão requerer a constituição de imparidades).
As perdas nos bancos em cinco passos
Oito anos de escândalos financeiros
O diabo que nos impariu
Quando todo o país pensa que o culpado do colapso foi o "Espírito Santo" vem o Sr. prof, dr, eng, Carlos Costa mostrar-nos que afinal a coisa não tem nada de divina pois, segundo a sua douta sabedoria,  “Não foi senão mão humana que fez com que o BES, de um momento para o outro e surpreendendo todos (incluindo quadros do banco), apresentasse uma perda de uma dimensão que jamais poderíamos antecipar”.
Claro que para tão ilustre figura o facto de nos media só se acenderem luzes vermelhas a propósito da realidade do BES como por exemplo está do Expresso em 21/05/2014 .

É que, segundo o senhor governador, tudo isto é muito complexo e até ele, que é um especialista na matéria (apesar de avisado 1 ano antes por um relatório exaustivo do BPI que demonstrava que o BES estava falido já em 2011) só se convenceu da bronca pouco tempo antes do colapso do banco e isso é verdade pois um mês antes da bronca andava, em conjunto com o outro especialista do tema, que nunca tem dúvidas e raramente se engana, a vender o aumento de capital do BES pois ele era muito sólido.
Mas, sobre isto,  O que diz o JN E a TSF?  ou  a TVI24 ?

Viu-se a solidez! 

Será que com este historial de omissões de actuação, e miopias perante os factos, alguém acha que o governador é garante de rigor e independência?

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Festival Política - Grande iniciativa!

Começa assim o artigo do Público

"se tivesse cinco minutos cara a cara com um deputado, o que diria?"
"Europa, perseguições a gays na Tchechénia, direitos dos emigrantes. Os cidadãos quiseram conversar com os deputados sobre tudo e sem formalismos. Tu cá, tu lá."
Vale mesmo a pena ler a partir do link.

Mas também merece ser lido outro artigo do mesmo jornal  onde se fala de
" O vídeo português contra a abstenção tornou-se viral em França"
"Um vídeo produzido para o Festival Política, realizado em Lisboa, tornou-se numa arma política em França e conta já com um milhão de visualizações."

Certamente este vídeo ajudará indecisos e esclarecerá enganados.
Mas esta mensagem não é só valida para França e para a xenofobia e o racismo.
De cada vez que nos abstemos de votar, de participar ou de criticar publicamente o compadrio e a corrupção estamos a dar força aos bandidos.
Esta é, sem dúvida, a grande mensagem deste vídeo.
Quem quer viver em democracia tem o dever de o divulgar!
Veja o vídeo

terça-feira, 25 de abril de 2017

Leia, pense e... depois vote em consciência!



Agora que se aproximam as eleições autárquicas (mas ainda estamos longe do ruído, que as campanhas produzem, e que fazem com que ninguém ouça nada) a T.I.A.C. - Transparência e Integridade Associação Cívica - tem um excelente conjunto de relatórios referentes à evolução dos índices de transparência municipal entre 2013 e 2016.

Eles serão certamente um grande auxiliar para os eleitores que queiram ver nos seus concelhos:
  1.        O dinheiro dos seus impostos mais bem aplicado
  2.        As compras serem efetuadas de um modo mais transparente
  3.        Uma drástica redução do compadrio e da corrupção

  
Estes são os aspectos (Dimensões) em que a actividade, de cada autarquia, é avaliada e pontuada com os correspondentes pesos para a sua avaliação final.

Dimensão A
Informação sobre Organização, Composição Social e Funcionamento do Município (peso 15%)

Dimensão B
Planos e Relatórios (peso 6%)                                  
                                                              
Dimensão C
Impostos, Taxas, Tarifas, Preços e Regulamentos (peso 12%)          

Dimensão D
Relação com a Sociedade (peso 6%)  
                             
Dimensão E
Contratação Pública (peso 21%)                                   
                         
Dimensão F
Transparência Económico-Financeira (peso 15%)            
                                               
Dimensão G
Transparência na área do Urbanismo (peso 25%)            
               
  

No quadro a seguir podemos analisar a evolução do I.T.M. (Índice de transparência municipal) e do Ranking, das nossas capitais de distrito, entre 2013 e 2016.

Mas mais importante, do que olhar para as alterações no ranking, é analisarmos se o I.T.M. aumentou, em relação ao ano anterior, porque, se isso não aconteceu, então estamos perante um retrocesso na transparência dessa autarquia.  

                Se olharmos, por exemplo, para Beja, Bragança, Castelo Branco, Funchal, Leiria, Lisboa, Ponta Delgada, Portalegre, Porto, Santarém, Viana do Castelo ou Vila Real verificamos que caíram no rating mas melhoraram os seus I.T.M., ou seja, apesar de terem melhorado os seus níveis de transparência, estas cidades foram ultrapassadas por outras que evoluíram mais do que elas.

                Infelizmente já não poderemos dizer o mesmo em relação a Aveiro, Braga, Coimbra e Setúbal onde o rating, e o I.T.M., de 2016 foram os piores que tiveram nos quatro anos.
 


                                         

Este é o link para todos os que queiram validar estes dados, para o seu concelho ou aprofundar a análise aqui apresentada.

Talvez assim as pessoas se apercebam como a vida, nos sítios onde vivem, poderia ser melhor se tivessem atentos à maneira como os políticos gastam o nosso dinheiro.